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Percevejos, pulgões e lagartas: produtores registram aumento na pressão de pragas na safrinha de milho
Especialista alerta para necessidade de monitoramento, rotação de culturas e uso de refúgios para prolongar a vida útil das tecnologias
Publicado em 05/05/2025 16:00
Notícia

A segunda safra de milho 2025 começou com muita preocupação com o clima e com a janela de plantio. Em muitas regiões, essas preocupações foram superadas já no início do ciclo e em outras o clima melhorou durante o mês de abril. Porém, um outro desafio apareceu e vem obrigando mais atenção dos produtores, o controle de pragas. 

“Variações climáticas, períodos de seca intercalados com chuvas intensas em algumas regiões, certamente contribuíram para o aumento da presença de pragas nas lavouras. A alta umidade favorece o desenvolvimento de fungos e doenças, já o estresse hídrico torna as plantas mais suscetíveis ao ataque de pragas”, explica Sérgio Giampaoli, gerente de Desenvolvimento de Mercado Sul da BASF Soluções para Agricultura no Brasil. 

Entre os principais desafios desta temporada estão percevejos, pulgões e, principalmente a lagarta. Ao contrário de outros anos, a cigarrinha apareceu com mais força das áreas de milho em 2025. 

 

"Temos visto aumento significativo de pulgão, com maior incidência na região Sul. Enfezamentos, mela e fumagina são sintomas que começam a aparecer nas lavouras. Pressão baixa de cigarrinha de um modo geral, mas com danos significativos em áreas de maior ocorrência. Também notamos maior presença de lagartas Helicoverpa armigera e  Spodoptera frugiperda se alimentando das espigas do milho, o que acaba exigindo um monitoramento constante e estratégias de manejo integradas combinando tecnologias em sementes e o uso preventivo de soluções para proteção de cultivos”, aponta Giampaoli. 

Em Tapurah no Mato Grosso, o clima está ajudando o desenvolvimento das lavouras e aumentando as projeções de produtividade, porém ainda pode haver perdas devido ao grande número de lagartas presentes no milho. 

“Ano passado o percevejo foi bastante severo. Esse ano ele deu uma trégua, mas tivemos o evento da lagarta. As tecnologias não controlaram as lagartas e tivemos um ataque severo, o que pode dar uma quebra com milho avariado por conta de água na espiga. Foi difícil o controle delas esse ano, foi um evento novo porque fazia tempo que não tínhamos esse problema. Nós não fazíamos nenhuma aplicação para lagarta e esse ano foram de três a seis aplicações, que são aplicações caras e aumenta o nosso custo”, conta Silvésio Oliveira, produtor rural. 

 

 

“Toda tecnologia está exposta a uma pressão de seleção das pragas no campo, e com passar do tempo, é normal haver a diminuição da eficiência de controle levando a quebra da resistência das tecnologias. Por isso, é fundamental adotar práticas de Manejo da Resistência de Insetos (MRI), como a rotação de culturas e o uso de refúgios nas lavouras, rotacionar inseticidas com mecanismos de ação distintos, para minimizar os efeitos e prolongar a vida útil das tecnologias disponíveis”, avalia Giampaoli. 

Campos de Júlio foi outro município do Mato Grosso que também enfrentou dificuldades com o controle de pragas em 2025, como relata o produtor rural Tiago Daniel Comiran. “Tivemos doenças fúngicas oportunidades, cigarrinhas aparecendo entre março e abril e bastante pulgão. Isso trouxe problemas na área foliar do milho e pode trazer perdas de desempenho”. 

A região da Laguna Carapã no Mato Grosso do Sul, apesar de em menor grau, também teve problemas com pragas no milho. “Uma coisa que veio muito forte para a gente nesse ano foi a questão do pulgão, que foi mais forte do que em outros anos. A gente tenta eliminar uma parte dos insetos, porque o controle nunca é 100%, já que eles ficam dentro do cartucho. Sei que em outros municípios também estão tendo ataques de lagartas”, relata Antônio Rodrigues Neto, Técnico Agrícola da Casa da Lavouras de Dourados. 

Outro município com problemas no Mato Grosso é Querência, que teve dificuldades para o controle de percevejos e lagartas neste ciclo de 2025, mas com menor incidência de cigarrinhas, como conta o Presidente do Sindicato Rural, Osmar Frizzo. 

“O percevejo é um grande problema que já vem de anos e continua. Não estamos conseguindo uma efetividade no controle do percevejo. Esse ano também se viu um aumento de lagartas, as tecnologias que nós estamos pagando hoje não estão entregando a efetividade que deveriam. Precisamos fazer três ou quatro entradas no milho para o controle de lagartas. Já o problema da cigarrinha nós não tivemos, como choveu bem, houve pouca incidência”, diz Frizzo. 

Com um plantio que foi mais escalonado neste ano, muitas áreas já estão próximas da colheita, mas outras localidades ainda têm mais tempo de campo para o desenvolvimento. Especialmente nessas localidades, os produtores precisam intensificar o monitoramento e aplicação de defensivos.  

“Para as lavouras que ainda se encontram em pré-pendoamento, o produtor deve continuar monitorando o aparecimento de lagartas como a Helicoverpa armigera, Spodoptera frugiperda e ocorrência de doenças, caso necessário realizar o combate químico”, alerta Giampaoli. 

Por:
 Guilherme Dorigatti
Fonte:
 Notícias Agrícolas
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