PARIS, 26 de maio (Reuters) - Agricultores franceses interromperam o tráfego nas rodovias ao redor de Paris e se reuniram em frente ao parlamento com seus tratores na segunda-feira, protestando contra emendas apresentadas por parlamentares da oposição a um projeto de lei que flexibilizaria as regulamentações ambientais na agricultura.

O projeto de lei propõe simplificar as aprovações para instalações de criação e reservatórios de irrigação e reautorizar um pesticida neonicotinoide proibido usado no cultivo de beterraba açucareira, que ambientalistas dizem ser prejudicial às abelhas.

Faz parte de uma tendência em vários estados da União Europeia de flexibilizar a legislação ambiental, à medida que os agricultores enfrentam o aumento dos custos dos insumos e as famílias enfrentam dificuldades com o custo de vida.

Ativistas ambientais e alguns sindicatos que representam pequenos agricultores e produtores orgânicos dizem que o projeto de lei beneficia a agroindústria em larga escala às custas dos operadores independentes.

Os oponentes do presidente Emmanuel Macron na esquerda política apresentaram diversas emendas que, segundo os fazendeiros manifestantes, ameaçavam o projeto de lei.

"Estamos pedindo aos legisladores, aos nossos legisladores, que sejam sérios e votem a favor do projeto como está", disse Julien Thierry, um produtor de grãos do departamento de Yvelines, nos arredores de Paris, criticando os legisladores dos Verdes e do partido de esquerda França Indomável (LFI).

Agricultores da França e da Europa conquistaram concessões no ano passado após protestarem contra a concorrência estrangeira barata e o que eles dizem serem regulamentações desnecessárias.

Na segunda-feira, agricultores dirigiram seus tratores por pelo menos meia dúzia de rodovias que levam a Paris, reduzindo o trânsito da hora do rush matinal. Dezenas se reuniram em frente à Assembleia Nacional, às margens do rio Sena, enquanto os legisladores debatiam o projeto de lei.

O sindicato de agricultores FNSEA disse que as regulamentações precisam ser simplificadas para que a agricultura francesa seja mais competitiva.

O sindicato e seus aliados também dizem que o pesticida neonicotinoide acetamiprido é autorizado no resto da UE e deveria ser na França, pois é menos tóxico para a vida selvagem do que outros neonicotinoides e impede que as plantações sejam devastadas por pragas.

Reportagem de Sybille de La Hamaide, Gus Trompiz e Lauren Bacquie; edição de Richard Lough e Philippa Fletcher