O ciclo 2025-2026 do Plano Safra está oficialmente lançado. O presidente Luís Inácio Lula da Silva anunciou hoje R$ 516,2 bilhões destinados ao financiamento da agropecuária empresarial e, ontem, outros R$ 78,2 bilhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). O papel desse dinheiro é disponibilizar recursos emprestáveis e subsidiar os juros cobrados dos produtores que contraem crédito rural por meio desses programas. Somados a outros mecanismos da política agrícola (como seguro, preço mínimo, compras públicas etc.), os investimentos do governo na agricultura familiar sobem para R$ 89 bilhões. No total, uma injeção de R$ 605,2 bilhões para o custeio da safra 2025-2026.
São valores significativos, mas insuficientes para acompanhar o nível de crescimento do setor, que tem se mantido acima dos 10% a cada ano. “A realidade fiscal limita os recursos disponíveis para financiar a atividade e as altas taxas de juros, decorrentes de uma Selic na casa dos 15% ao ano, têm um efeito corrosivo sobre esse montante. Diante dessa realidade, o governo precisa direcionar mais fortemente o uso desse subsídio ao crédito rural para a agropecuária familiar e as práticas agrícolas de baixa emissão de gases de efeito estufa, como a agropecuária regenerativa”, afirma Paulo A. Camuri, gerente de Clima e Inteligência de Dados do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora).
Ressaltando que o Plano Safra é uma política pública bem-sucedida e que se renova todo ano, ele defende que, diante das limitações orçamentárias, o País evolua na alocação dos recursos prioritariamente para a agricultura familiar, que garante o alimento que vai à mesa, e para práticas agrícolas mais sustentáveis, com baixa emissão de carbono e metano, conservação da biodiversidade e respeito às elegibilidades legais e salvaguardas sociais. “É o que preconizam diferentes estudos, e o momento exige pragmatismo. Mas também oferece oportunidades de mudança, como os Planos Nacionais de Mitigação e Adaptação, por exemplo, que estão em consulta pública e facilitam redirecionamentos estratégicos em políticas, visando o enfrentamento das mudanças climáticas”, constata Camuri.
Fonte:
Imaflora