Por Joe Cash e Ellen Zhang e Kevin Yao
PEQUIM (Reuters) - A economia da China desacelerou menos do que o esperado no segundo trimestre, em uma demonstração de resiliência contra as tarifas dos Estados Unidos, embora analistas alertem que a demanda fraca no país e os riscos crescentes do comércio global aumentarão a pressão sobre Pequim para que implemente mais estímulos.
Até o momento, a segunda maior economia do mundo evitou uma desaceleração acentuada em parte devido a medidas de apoio e porque as fábricas aproveitaram a trégua comercial entre os EUA e a China para antecipar as remessas, mas investidores estão se preparando para um segundo semestre mais fraco, uma vez que as exportações perderam força, os preços continuam a cair e a confiança do consumidor permanece baixa.
Autoridades enfrentam uma tarefa difícil para atingir a meta de crescimento anual de cerca de 5% - uma meta que muitos analistas consideram ambiciosa, dada a deflação arraigada e a fraqueza da demanda interna.
Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que o Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 5,2% no trimestre entre abril e junho em relação ao ano anterior, desacelerando ante os 5,4% do primeiro trimestre, mas um pouco acima das expectativas dos analistas em uma pesquisa da Reuters de avanço de 5,1%.
"Apesar de um primeiro semestre forte, as perspectivas devem se deteriorar no segundo semestre, à medida que a antecipação das exportações diminui e o impacto das tarifas dos EUA se torna mais visível", disse Wei Yao, economista do Société Générale.
"A fraqueza renovada nos preços das casas e o impacto cada vez menor dos subsídios também lançam dúvidas sobre a sustentabilidade da recuperação do consumo."
Na comparação trimestral, o PIB cresceu 1,1% no segundo trimestre, segundo dados do Escritório Nacional de Estatísticas, em comparação com uma previsão de aumento de 0,9% e um ganho de 1,2% no trimestre anterior.
Os investidores estão atentos a sinais de novos estímulos na próxima reunião do Politburo, prevista para o final de julho, que provavelmente definirá a política econômica para o restante do ano.
Pequim aumentou os gastos com infraestrutura e os subsídios ao consumidor, juntamente com afrouxamento monetário. Em maio, o banco central cortou as taxas de juros e injetou liquidez como parte de esforços para amortecer a economia do impacto das tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump.
Alguns analistas acreditam que o governo poderá aumentar os gastos com déficit se o crescimento desacelerar acentuadamente.
Dados separados sobre a atividade de junho, também divulgados nesta terça-feira, destacaram a pressão sobre os consumidores. Embora a produção industrial tenha aumentado 6,8% em junho em relação ao ano anterior - o ritmo mais rápido desde março -, o crescimento das vendas no varejo desacelerou para 4,8%, em comparação com 6,4% em maio, atingindo o nível mais baixo desde janeiro-fevereiro.
Observadores e analistas da China afirmam que o estímulo, por si só, pode não ser suficiente para combater as pressões deflacionárias arraigadas, com os preços ao produtor caindo em junho em seu ritmo mais rápido em quase dois anos.
Zichun Huang, economista da China na Capital Economics, disse que os dados do PIB "provavelmente ainda exageram a força do crescimento".
Fonte:
Reuters