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Histórias do AGRO: Celito Breda
06/07/2020 17:02 em Notícia

A década de 80 foi marcada pelo início de novas fronteiras agrícolas no país, principalmente no oeste baiano e regiões como Tocantins, Maranhão e Piauí, anos mais tarde esse desenvolvimento daria origem a região Matopiba, um gigante em crescimento. A região foi avaliada pela Embrapa, são cerca de 73 milhões de hectares distribuídos e 31 microrregiões, em cerca de 337 municípios.

Foi visto como uma alternativa para novos produtores rurais que estavam a sair de regiões já consolidadas na área como Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Tais produtores chegavam na região, nessa terra seca e antiagrária do cerrado,  sem expectativa alguma de alguma de sucesso, sendo guiados apenas por um desejo de mudança, décadas mais tarde o fruto desse desejo torna a região uma referencia ao agro em níveis descomunais , uma terra hoje com migrações em massa.

Um dos pioneiros da região foi Celito Breda, natural de Jacutinga, chegando em Barreiras, trabalhando na fazenda, ajudando a levar o feijão para o Oeste da Bahia. Breda foi precoce para se engatar ao solo, ele comenta sobre como começou,"eu me formei em agronomia na Universidade de Passo Fundo no dia 30 de janeiro de 1988, e no dia 6 de fevereiro já estava aqui, no oeste da Bahia. Eu vim trabalhar na primeira fazenda de irrigação da região".

Ele comenta as dificuldades do cultivo na época, como equipamentos e maquinários eram uma raridade na região,"a irrigação era uma raridade na região, logicamente que os primeiros feijões também foram nessa fazenda. Eles plantavam uma variedade, chamada carioca 80, que era a mais comum na época, mas a produtividade era muito baixa: 30 sacas por hectare".

Celito como um desbravador da região sempre teve gosto por pesquisa e inovação, seja trazendo as variedades do feijão carioca para o oeste da Bahia ou implantando o algodão como uma das principais culturas da região.

Ele cita a influência da época: "por influência de um agrônomo de Alagoas, Luiz Cansanção , já falecido, fomos incentivados a entrar no algodão. A nossa empresa foi pioneira na produção do algodão mecanizado, que é mais moderno, em 1995".

Já a 3 anos trabalhando na fazenda de irrigação, Celito toma a decisão de abrir uma empresa de consultoria agronômica (1992), ela era especializada em áreas de irrigação. A técnica crescia na região baiana, fazendo sucesso a ponto de hoje ser um polo da agricultura irrigada no país.

Com apoio dos demais produtores da região, eles buscaram por maior assistência e suporte ao seu setor de atuação, assim criando a Fundação Bahia, "tivemos a iniciativa de formar essa empresa de pesquisa pela dificuldade que a gente tinha de ter a pesquisa atendendo a região". Foi necessário conhecer demais fundações de pesquisa agronômica para dar vida ao projeto com a Fundação ABC, Fundação MT e a Embrapa.

Mas o cenário com baixa produção não podia se manter assim, foi quando em 1996 fora feito um convênio coma  Embrapa e foi trazido a variedade pérola, atualmente á mais plantada no Brasil, que na época dobrou a quantidade de sacas por hectare.

Após anos prestando consultoria para agricultores, Celito tentou a produção própria, em terra de aluguel, mas mesmo com toda base que tinha o sucesso não veio. "Fui me aventurar a plantar melancia irrigada e me lasquei...depois tentei plantar repolho e me lasquei também...Comecei a vender pamonha, mas não vendia nem a metade. Tudo inexperiência. Achei que ia ficar rico só quebrei a cara".

Ele admite que na época era bastante ambicioso, todos eram, queriam voar longe e não ficar presos em qualquer emprego, anos mais tarde em 94 que ele conseguiu comprar sua própria fazenda onde plantava soja, algodão e feijão, as coisas finalmente estavam começando a andar para o seu Breda.

Mas a alegrai durou pouco, os preços internacionais da soja caíram drasticamente, sem contar nos problemas da safra seguinte, perdendo a safra do feijão ele quebrou pela segunda vez. A venda da propriedade era a única solução viável, a consultoria era a única fonte de renda.

Tempos depois houve a retomada das atividades, desistir não era um opção, junto dos novos sócios Roque Freitas e Erno Scherer foram alugando terras. em 1999 foi para outra parte do Matopiba, o Piauí. Por lá, comprou uma área de 2.200 hectares. A implementação da área não foi fácil. Crises em 2005 e 2009 afetaram muito a atividade agrícola e quase houve uma nova quebradeira.

Ele comenta a experiência sofrida, "Nessa empreitada no Piauí, abrimos a área, mas começamos nos alojando em barracas de lona, depois de muito tempo fizemos construção de alvenaria. Até hoje não temos um grande conforto lá, decidimos investir mais na terra do que na sede, numa casa bonita".

Após anos e anos finalmente o sucesso, ele explana que desde 2017 as colheitas nunca estiveram melhores, 4 safras seguidas com boa produção e remuneração. "Estamos relativamente bem", no momento ele foca na produção de feijão, soja, milho e algodão em 6.000 hectares, divididos entre Barreiras, oeste da Bahia e Baixa Grande do Ribeiro no Piauí com os demais sócios.

"Depois de 4 quebradeiras, hoje eu posso me considerar realizado como produtor, a expectativa é colher 1.500 toneladas de feijão (de corda carioca) nesta safra. Mais de 30% já foi colhido até agora, em parceria com os atuais sócios Pedro Brugnera e Marcos Grieger. "Importante citar que sempre se conquistam vitórias trabalhando em equipe".

 

Fonte: G1

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