O mercado do cacau tem apresentado grande volatilidade nos últimos meses. Os preços da commodity atingiram altos históricos em função da queda de produção na Costa do Marfim e Gana, principais produtores competitivos das amêndoas.
O encarecimento da matéria-prima já afetou o setor global de chocolate, com impactos diretos no custo de produção e resultados financeiros das principais indústrias transformadoras de cacau, que, consequentemente, repassaram parte do aumento dos custos ao consumidor final.
Como consequência, indicadores como o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (HICP) da Europa e o Índice de Preços ao Produtor por Indústria (PPI) dos EUA, que refletem indiretamente os preços ao consumidor, mostram aumentos nos preços dos produtos à base de cacau nesses mercados. No Brasil, o chocolate ficou significativamente mais caro em 2025. Produtos como chocolate em barra e cacau em pó apresentaram variação acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
De acordo com análises da Hedgepoint Global Markets, uma redução na demanda por cacau já era esperada pelo mercado, e estava sendo um fator baixista nos preços das amêndoas. “Essa perspectiva negativa foi intensificada após o “Dia da Libertação” do presidente Donald Trump, onde os temores sobre uma recessão global e mudanças no fluxo comercial em função das tarifas aplicadas a mercados-chave pesaram ainda mais na expectativa de queda na demanda, derrubando os preços da commodity nos principais mercados”, afirma Carolina França, analista de Inteligência de Mercado da Hedgepoint Global Markets. “Porém, os resultados recentes foram diferentes da expectativa do mercado, que projetava uma queda entre 5% a 7%”, diz.
No fim da semana do dia 14/04, às vésperas do feriado de Páscoa, as principais questões das indústrias processadoras de cacau divulgaram os resultados das moagens, principal indicador relacionado a demanda, do primeiro trimestre de 2025. ECA, CAA e NCA divulgaram reduções de 3,7%, 3,4% e 2,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior para Europa, Ásia e EUA, respectivamente.
De acordo com um analista, os resultados mais fortes do que o esperado, somados a um aumento de 5,6% a/a na moagem de março da Costa do Marfim, sugeriram ao mercado uma demanda mais resiliente em meio a um cenário. Dessa forma, uma recuperação nos preços foi vista desde a divulgação dos resultados, com os contratos de 25 de julho encerrando na última terça com valorização de 4,8% em Nova York (USD 9.117/mt) e 6,4% em Londres (GBP 6.435/mt).
“Entretanto, o mercado de cacau segue volátil e finalizou a quarta (24/04) em queda, demonstrando que a demanda ainda é um ponto em observação”, ressalta.
Apesar da pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas estipuladas pelos EUA, que também contribuiu com o cenário de preços descrito acima, a guerra comercial entre o país e a China ainda pode trazer efeitos negativos sobre o consumo global.
Além disso, na avaliação da empresa, vale ressaltar que o mercado está acompanhando o padrão de chuvas na África Ocidental, que nas próximas semanas pode influenciar nos resultados da safra anual e início da safra 25/26 da Costa do Marfim e nos preços do mercado.
Fonte:
Hedgepoint Global Markets